Liberdade religiosa e homofobia entram na campanha no Rio
Marcelo Remígio
Ataque de Garotinho a Paes
provoca crise na equipe de Rodrigo Maia
As críticas feitas pelo
ex-governador Anthony Garotinho (PR) ao apoio do prefeito Eduardo Paes (PMDB),
que disputa a reeleição, a políticas de defesa dos direitos dos homossexuais no
programa eleitoral de TV do candidato do DEM a prefeito do Rio, Rodrigo Maia,
direcionaram a corrida ao Palácio da Cidade para dois temas que pautaram
eleições majoritárias anteriores: religião e homofobia. Em participação no
programa de TV de sexta-feira passada, Garotinho afirmou que Paes concede apoio
aos homossexuais e, depois, "vai para igrejas evangélicas e diz:
"Glória a Deus! Aleluia". Isso é fingimento, hipocrisia". A
declaração levou a uma crise na campanha de Rodrigo, que perdeu um dos
principais integrantes do núcleo político-administrativo: Marcelo Garcia, que
integrou o secretariado do ex-prefeito Cesar Maia.
O posicionamento de Garotinho repercutiu negativamente entre movimentos religiosos e contra homofobia. Sua participação no programa do DEM ainda foi criticada por líderes religiosos que participaram, na manhã de ontem, em Copacabana, da V Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa.
O evento, de acordo com os
organizadores, reuniu 210 mil pessoas. O candidato do PSOL, Marcelo Freixo,
esteve na manifestação e assinou uma carta-compromisso que enumera ações
garantindo a liberdade religiosa. Vice na chapa do PMDB, o vereador Adilson
Pires (PT) representou Paes. Já os candidatos Otavio Leite (PSDB) e Cyro Garcia
(PSTU)enviaram representantes e disseram estar dispostos a assinar o documento.
- Foi uma atitude fascista
do ex-governador Anthony Garotinho. Respeito suas convicções religiosas, mas o
que ele fez foi demonizar ações de pessoas que não seguem a religião dele. O
ex-governador esquece que o Estado é laico. Ele, como político, deveria
combater a homofobia e defender a liberdade religiosa - afirmou Ivanir dos
Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.
Garotinho fala em lavagem
cerebral
Garotinho se defendeu das
críticas em seu blog. "Olha, eu sei que existem pessoas que por conta da
lavagem cerebral da mídia acham que eu tenho alguma coisa contra os
homossexuais, isso porque quem não vai às paradas gays ou bate palmas é
considerado homofóbico. Sim, porque fui eu o primeiro governador do Brasil a
criar um Disque-Denúncia Homossexual (DDH) justamente para defendê-los da
discriminação e da violência."
Responsável pela idealização
do plano de governo de Rodrigo Maia, Marcelo Garcia afirmou ontem que comunicou
sua saída da campanha do DEM logo após ver o programa de TV, na noite de
sexta-feira. Segundo ele, nos 47 segundos que Garotinho atacou os homossexuais,
o deputado descumpriu acordos firmados entre o DEM e o PR para que fosse
viabilizada a aliança entre Rodrigo e Clarissa Garotinho.
- As reuniões aconteceram na
minha casa. Deixei claro que a homofobia não seria tolerada. Ele usou um espaço
precioso na TV, que deveria ser utilizado para mostrar propostas para os
eleitores, e não para abordar questões que não dizem respeito à campanha. Eu não
poderia ter outra atitude, a não ser deixar a campanha. Não quero caminhar em
direção à lama para onde Garotinho caminha - disse Garcia, amigo do pai de
Rodrigo, o ex-prefeito Cesar Maia.
O prefeito Eduardo Paes
preferiu não comentar as agressões de Garotinho, assim como a coordenação de
campanha de Rodrigo.
O GLOBO - 17/09/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário