segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Rede Globo e o beijo com décadas de atraso

Pela primeira vez, ouvi gritos entusiasmados de "torcida" ecoando dos apartamentos ao meu redor não relacionados a um jogo. Evidentemente, foi a reação a uma das cenas "mais esperadas" da história da comunicação de massas no Brasil: o dia em que a Rede Globo se rendeu à realidade e decidiu colocar em cena um (singelo e pudico, vale lembrar) beijo gay em seu horário nobre.
Que a Globo tenha se movido pela mesma lógica de sempre: o olho no mercado e a luta para se manter como principal e mais lucrativa emissora do país, é inegável. Como também, não dá pra esquecer que esta é (e sempre será) uma emissora que, como todas, "é habitada pelo poder do Capital", sintonizada com tudo contra o que lutamos cotidianamente (inclusive na propagação da homofobia, do racismo e do machismo), desde seu surgimento, nos anos 1960, sob o patrocínio da ditadura. E mais: o beijo com décadas de atraso em relação ao mundo em que vivemos.
Contudo, não podemos menosprezar a realidade do lado de cá da tela. Aliás, é a que mais interessa nesta história toda. O beijo, é, sim, uma vitória de todos e todas que lutam contra a opressão. São estes os verdadeiros protagonistas desta cena. Foram os LGBT's de verdade que fizeram com que a emissora do nada saudoso Roberto Marinho tenha se rendido, "reconhecendo" o espaço que os LGBT estão conquistando, com muita luta, nas ruas.